Prometi que nunca mais escreveria uma só linha sobre ti, mas vou agora quebrar essa promessa. Fi-la a mim mesma porque me recusava a dar-te o gostinho de saberes que tinha pensado em ti e consegui cumpri-la não por despeito, mas porque consegui tirar-te da cabeça e, quando se sai, é de vez. Mas eis-me aqui a ver 2010 já depois daquela esquina e quero fechar os capítulos dentro de mim: Volta a 2009 em 10 posts....
2009 tem a tua cara e por isso demorou a passar. Porque, mesmo quando te fechei todas as portas, cá dentro algo ficou partido. Eu, que sempre me defini como uma feeling machine, sentia-me estragada.
Todos os dias oiço histórias de pessoas como tu que dizem amo-te para tirarem da outra as mesmas palavras e assim dormirem sorridentes sentindo-se alguém. Com um ego que se alimenta de saber que alguém neste mundo as quer. Pessoas que nos estendem a mão para que as agarremos só para nos empurrar para o chão a seguir. Sim, eu caí e demorei algum tempo a perdoar-me por o ter feito.
Por mais que me dissessem que é normal e acontece a toda a gente, isso não me aliviava a dor. Nem a raiva. Pensava nessa miúda tola que te ouvia e percebia a malvadez desculpando-a em simultâneo. Contigo descobri o quanto o espírito feminino que tudo justifica e perdoa pelo amor pode ser nefasto.
Nas cartas de amor tu só viste erros ortográficos, nas loucuras que fiz por ti, casualidades. E mesmo assim eu continuei apaixonada.
Nos concertos todas as canções te evocavam e pediam um gesto meu.Tentei resistir como pude. Pedia mais uma cerveja e de copo na mão desviava o olhar para o céu. Fumava um cigarro e dizia a mim própria que ia deixar passar mais uma música. Daí a duas ou três já não me lembraria de ti. Mas o concerto acabava, eu cedia e revelava-me.
Um amigo disse-me que tinha duas hipóteses: ou era capaz de me rir da história logo ali ou então passaria o próximo ano a choramingar. Assim foi, deixei de chorar quando consegui começar a rir e ri muito de ti até que deixaste de ter piada. Ri-me das tuas pernas fininhas encimadas por um tronco pesado e redondo, mas sobretudo ri-me da língua nervosa que teimavas em enfiar na minha boca e chamar isso de beijo.
Claro que também me ri de mim e foi aí que veio a compaixão por essa rapariga que mais uma vez pôs a cabeça na guilhotina e assim desafiou todas as negras ideias feitas sobre o amor. Se, como uma vez escrevi neste blogue, o amor já não tem poesia no século XXI quando me lembro dessa rapariga admiro-a mesmo. Não é que ela seja melhor do que ninguém, não é que haja heróis e vilões nesta história. Gosto dela porque foi sempre capaz de dizer o que pensava, na altura certa pôs um ponto numa história que não teria um final feliz e aprendeu que por mais que queiramos que o mundo seja uma fila de arco-irís uns atrás dos outros onde só chovem marshmellows e cherry coke, há dias em que para sobreviver uma gaja tem de ser uma bitch. E não há mal nenhum nisso ;)
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