Era Setembro e estávamos a discutir. Era 11 de Setembro. O 11 de Setembro. E no meio das minhas angústias um avião foi contra uma das Twin Towers. Porque é que as coisas estão diferentes entre nós? Porque é que não páras para falarmos como deve ser? Eu amo-te muito. Um segundo avião foi contra as torres americanas. As pessoas saltavam de muitos andares de altura para fugir às chamas. Estatelavam-se no chão. O jornalista estava alucinado. Era um momento que faria parte da História. Era o "furo" da vida dele. Disseste "olha". Disseste "epá, isto é inacreditável" e eu respondi porque é que já não me amas?
Este foi o meu 11 de Setembro. É assim que me vai ficar na memória. Estávamos na sala da casa dos teus pais. Havia aquele lustre feito de conchinhas brancas. Só tinhas vestido umas calças rasgadas nos joelhos e exibias um peito pueril enquanto fugias aos meus lamentos. Eu tinha 17 anos e para mim as imagens na televisão não importavam. Importava sim o nosso futuro. O nosso amor. Isso era tudo.
Na televisão, a marca da CNN era a única coisa que diferenciava aquelas imagens de uma cena de um filme qualquer género Diehard. Eu não conseguia ouvir os gritos das pessoas ao atirarem-se de um vigésimo quinto andar sabendo que se entregavam à morte. Eu não consegui ver o horror estampado na cara das pessoas que seguiam no avião antes de colidir. Eu não ouvi o choro nas mensagens que foram enviadas para os telemóveis da família mais próxima. Só os ouvi depois, num filme sobre o atentado terrorista.
Eu não sabia e mesmo hoje talvez não compreenda realmente todo o horror que envolveu o negro 11 de Setembro. Não o senti. Mas lembro-me daquele peito suave sem vestígios de pêlos e lembro-me da miúda que só se importava consigo própria.
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