Dava tudo para me levantar desta cadeira e vestir o meu sobretudo comprido de veludo preto, puxar a gola e o cabelo para cima. Calçar as Dr. Martens lustrosas e abrir a porta para entrar num dia cinzento de chuva e frio nas ruas da baixa lisboeta. Entrar no Vertigo e pedir um café, deixando o guarda-chuva fechado a pingar junto à porta(aquele transparente de que tanto gostava e que ficou destruído assim que cheguei aos Açores).
O Inverno dá-me clareza de pensamento. O Verão uma irrequietude difícil de controlar. Esta humidade uma grande dor de cabeça.
Sonho com Lisboa e com o frio como quem sonha com paz. Tenho saudades dela. Ainda que a irrequietude seja movimento, é energia dispersa, não é acção. Quando tudo se desmorona, temos de ter uma direcção para nos protegermos do céu a cair.
Não há ninguém a apontar o caminho. Nenhum panfleto com procedimentos a adoptar. Apenas a vontade de ser mecânica e sentir na cara uma rajada de vento gelado.
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